A poluição atmosférica gerada pelas queimadas no Brasil atingiu níveis alarmantes, ultrapassando em até 100 vezes os limites considerados seguros. Dados recentes do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) revelam que, em 2024, o número de focos de incêndio no país mais que dobrou em relação ao mesmo período do ano anterior. Combinada com a seca severa típica desta época, a fumaça já cobre cerca de 60% do território brasileiro, desencadeando sérias preocupações de saúde pública.

Durante a Conferência dos Institutos Nacionais de Saúde Pública do G20, realizada em 9 de setembro, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, ressaltou o impacto significativo dos desastres climáticos na saúde da população. Ela destacou, em especial, como as queimadas agravam as condições de saúde e sobrecarregam os serviços médicos.

Poluição atmosférica atinge níveis perigosos

Estudos baseados em dados de satélites e medições locais indicam que as regiões mais atingidas pela fumaça apresentam níveis de poluição muito superiores ao recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O material particulado fino (MP2,5), por exemplo, deve se manter entre 5 e 15 µg/m³ segundo a OMS, mas essas partículas, com diâmetro de até 2,5 micrômetros, conseguem permanecer suspensas no ar por longos períodos e penetrar profundamente nos pulmões, chegando à corrente sanguínea. Isso pode provocar sérios problemas respiratórios e cardiovasculares.

Nas áreas mais afetadas, como a região Norte, os níveis de poluição estão extremamente altos. Em Rio Branco, no Acre, a concentração de MP2,5 chegou a ultrapassar 250 µg/m³. A poluição se estende desde o Amazonas até o Rio Grande do Sul, com regiões críticas no Centro-Oeste e no estado de São Paulo, que recentemente ocupou a posição de cidade com pior qualidade do ar no mundo, com índices de MP2,5 14 vezes maiores que os recomendados.

Os perigos da fumaça e orientações para a população

Além das partículas finas, a fumaça liberada pelas queimadas contém substâncias tóxicas como monóxido de carbono (CO), compostos orgânicos voláteis (COVs), óxidos de nitrogênio (NOx), ozônio e metais pesados. O Ministério da Saúde, por meio da Sala Nacional de Emergências Climáticas em Saúde, emitiu recomendações para minimizar os impactos da poluição na saúde:

  • Hidratar-se constantemente para proteger as vias respiratórias.
  • Permanecer em locais fechados, preferencialmente com ar-condicionado e sistemas de filtragem.
  • Manter janelas e portas fechadas nos horários de maior concentração de poluentes.
  • Evitar atividades ao ar livre durante períodos de alta poluição.
  • Evitar o consumo de alimentos, bebidas ou medicamentos que possam ter sido expostos à cinza ou resíduos da queima.
  • Utilizar máscaras do tipo N95, PFF2 ou P100, quando houver necessidade de sair de casa.

Grupos de risco, como crianças, idosos e gestantes, devem seguir essas orientações com ainda mais cautela. O Ministério também alerta sobre o aumento do risco de complicações respiratórias e cardiovasculares, especialmente para aqueles com condições de saúde preexistentes, que devem:

  • Procurar atendimento médico ao surgirem sintomas.
  • Ter medicamentos e itens essenciais sempre à mão.
  • Avaliar a possibilidade de se deslocar temporariamente para regiões menos afetadas.

Com a expansão da fumaça e os níveis elevados de poluição, medidas de proteção são fundamentais para minimizar os impactos à saúde da população.

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